sábado, 9 de outubro de 2010

Regata Noronha x Natal – 02 de outubro

A regata Fernando de Noronha x Natal completou nesse ano de 2010 19 edições, mas nem se compara a Recife x Noronha na quantidade de barcos participantes.
Enquanto na REFENO foram 150 barcos inscritos na Noronha x Natal teve apenas 33.
A regata tem um percurso de aproximadamente 200 milhas, e sua largada se deu às 9 horas da manhã do sábado.
Acordamos bem cedo para acabar de arrumar o barco, faltando meia hora para a largada fomos soltar a ancora, mas quem disse que ela queria sair do solo de Noronha! A ancora agarrou um uma pedra e só saiu depois que um mergulhador foi até ela com um cilindro de oxigênio. Resultado, largamos duas horas depois dos demais participantes.
Logo que deixamos o arquipélago o vento era brando, o mar estrava parecendo um grande lago e o céu tinha algumas nuvens que logo se dissiparam. Porem quanto mais nos afastávamos de Noronha mais ventava.



A noite também foi bem tranquila, só que ventava bem mais que durante todo o dia.
Por volta das 11 da manhã a mais de 35 milhas de Natal nosso barco foi cercado por golfinhos que nos acompanharam por alguns instantes




Chegamos a Natal só às 15 horas do Domingo e para nossa surpresa outros veleiros estavam por perto, pelo menos não éramos os últimos.



A nossa maior surpresa só se deu na festa de premiação que aconteceu na segunda feira, nos conseguimos ficar em 3° lugar na nossa classe. Ficamos surpresos quando chamaram a tripulação do WA WA TOO para subir no pódio, já que a comissão de regatas só divulgou os resultados na hora da premiação.



domingo, 3 de outubro de 2010

REFENO 2010

Chegou o grande dia. 25 de setembro, largada da REFENO.

Nossa classe foi a primeira a largar, as 14:40, mas como tivemos alguns problemas perdemos a largada do nosso grupo e as regras só nos permitiu partir após todos as grupos largarem, ou seja, largamos as 17 horas.


O vento forte favoreceu o WA WA TOO, pouco a pouco fomos ultrapassando os outros barcos. O mar estava bem agitado e o vento ficou próximo dos 20 nós.
Nossa tripulação não era muito experiente, estávamos em 5, mas só 3 sabiam velejar realmente.
A primeira noite foi emocionante, fiquei no timão até às 2 da manhã, só fui dormir depois de ter passado todas as “luzinhas” que estavam a nossa frente, essas “luzinhas” na verdade era outros veleiros. A lua cheia nos acompanhou madrugada adentro.




Dia 26 de setembro – Domingo

Quase não dormir, quando deu 4:15 eu já estava acordado no timão, comecei o dia com o sol nascendo entre as nuvens no horizonte. Já não avistávamos nada, muito menos outros barcos. Começamos a fazer as contas e se continuássemos navegando daquele jeito subiríamos no pódio com certeza, mesmo largando 2 horas depois dos outros barcos.
O vento aumentou bastante durante todo o dia, o barco navegava a 9 nós de média, chegando a 16 nós nas rajadas de vento, isso marcado no GPS.
Tirei a tarde para descansar e só voltei para o timão por volta das 17 horas, 10 minutos depois subiu uma onda bem grande ao nosso lado, e quando fui diminuir a angulação do barco e relação a onda para diminuir o impacto o timão não respondeu. Perdemos a roda de leme, o barco girou rapidamente em direção a leste e nós não tínhamos mais controle algum sobre o barco, mas ele continuou navegando assim mesmo, porem agora navegávamos  para uma direção 90° direita da nossa rota.
Nossos dois tripulantes sem experiência se apavoraram, foi uma cena podemos dizer que cômica quando escutaram eu dizer “perdemos o leme”. Mas é cômica agora, na hora nem o capitão acreditou, estávamos a mais de 120 milhas de Noronha e 190 milhas de Recife. O lugar mais próximo era Natal. Só que nós também estávamos a 95 milhas da costa.
Começamos a desmontar a roda de leme, vimos que uma corrente estava fora da catraca, colocamos no lugar na mesma hora, mas o problema não era assim tão fácil de resolver. Abrimos um compartimento para ter acesso ao sistema do leme. Um cabo de aço que controla todo sistema se solto das polias e o quadrante do leme por onde passa esse cabo e o piloto automático rachou. Na situação que estávamos era impossível consertar. A solução foi fazer um leme de fortuna (significa sorte em francês... já da para imaginar porque né?!), Usa-se a expressão "leme de fortuna" para designar qualquer objeto que substitua o leme no caso da perda deste, de forma a impedir que a embarcação fique à deriva. Depois de duas horas á deriva reassumimos parcialmente o controle do barco, mas confesso que era muito difícil controlar o barco através de cabos, pelo menos voltamos a navegar e estávamos no rumo certo novamente. Só que agora nossa velocidade era de seis nós, e ainda tinha mais de 110 milhas pela frente.
Minha esperança de ganhar uma medalha foi por água abaixo, agora tudo que eu queria era chegar logo em Noronha.
A noite foi terrível, controlar o barco com cabos ao invés da roda de leme era desanimador. Sem falar que a pele da mão foi embora logo nas primeiras horas!
Mas no final tudo deu certo, cruzamos a linha de chegada exatamente às 13 horas, 54 minutos e 35 segundos da segunda feira 27 de setembro. Completamos o percurso de 315 milhas em 45 horas. E para nossa surpresa muitos barcos chegaram depois da gente. Fomos o 13° barco da nossa classe a cruzar a linha de chegada.
Segundo a organização, dos 150 veleiros inscritos só 96 chegaram, muitos desistiram ao ver a força dos ventos e o tamanho das ondas que passavam dos cinco metros o voltaram para Recife logo nas primeiras 30 milhas.  31 veleiros foram resgatados pelo rebocador e pela fragata da marinha que nos acompanhou por todo o percurso.



Apesar de tudo a experiência foi incrível, Fernando de Noronha é um lugar muito bonito e recomendo a todos conhecer esse pedacinho do Brasil.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

João Pessoa x Recife - 22 de Setembro

Passamos uma semana na Paraíba. Aproveitamos a grande variação da maré para arrumar o barco inteiro. Pintamos e limpamos o casco e o convés, colamos antiderrapante, revisamos a parte mecânica e fizemos muitos outros serviços.
Ficamos na Praia fluvial do Jacaré, dentro do rio Paraíba. Lá pudemos presenciar todos os dias um por do sol mais lindo que o outro.
Saímos às 7 horas da manhã de João Pessoa, navegamos pelo rio Paraíba até chegar ao porto de cabedelo, e então ganhamos o mar, que não estava nada amigável conosco.
As ondas estavam bem grandes e o vento forte, subíamos uma onda atrás da outra e a corrente nos jogava em direção ao continente.
Logo na saída de Cabedelo o piloto automático deu os primeiros sinais de que o mar estava forte de mais para ele, não deu outra por volta das 16 horas ele parou de funcionar. Foi ai que começou a aventura de verdade. Tínhamos a noite toda pela frente tendo que levar o barco na mão! E o pior de tudo era o frio, o barco era chacoalhado pelas onda e único lugar seco no barco era dentro do micro-ondas. A água entrava por toda e qualquer fresta existente.
A noite foi dura, o frio e o sono eram nossos piores inimigos e gastamos 23 horas até recife. Na ida não gastamos 16.
E logo após chegarmos iniciaram os preparativos para a regata. Abastecemos o barco com água e combustível, amanhã vamos fazer a limpeza interna e as compras e então o barco estará pronto para largar.




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Praia do Jacaré - Paraíba

O Nordeste é lindo, mas o por do sol aqui na praia do Jacaré é deslumbrante! O sol se mistura ao colorido das nuvens, um vermelho quase purpura domina o horizonte, e os últimos raios se refletem nas águas do rio Paraíba que é quase um mar.



A paisagem é inesquecível, e ainda tem um saxofonista que todo dia antes do sol se por pega um barquinho e vai tocar o “Bolero de Ravel”, e o som é transmitido para todos os restaurantes que estão na beira da praia, que na verdade é uma praia fluvial.  O ritual é executado diariamente pelo Jurandy do Sax há mais de 10 anos, e os 17 minutos que o sol leva para se por coincide exatamente com a duração do bolero de ravel.



O Jacaré é uma paisagem inesquecível que vem atraindo turistas de todo o mundo, principalmente os que viajam em embarcações, pois além da beleza, em Jacaré os velejadores e iatistas encontram um ponto de apoio para a manutenção dos barcos. Por tudo isto a praia de Jacaré se tornou, nos últimos anos, parada obrigatória para os estrangeiros que visitam a Paraíba.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Recife x João Pessoa – 15 de Setembro.

Saímos de Recife as 11:30. O vendo estava sudeste, e pegamos uma corrente contra até sairmos da entrada do canal do porto de Recife. Após os arrecifes a corrente passou a nos ajudar. Fizemos uma navegada bem costeira mas bem desconfortável, o barco balançou muito e abrimos apenas a genoa. O tempo todo deu para ver o continente e o celular pegou a maioria do tempo. Quando anoiteceu deu para ver perfeitamente as luzes das cidades.


Entramos no estado da Paraíba as 17:30 e chegamos ao porto de Cabedelo um pouco antes das duas da manhã. Na hora de recolher a genoa um cabo escapou e ela deu varias voltas nela mesmo, deu muito trabalho para desenrolar o emaranhado de cabos, e o pior era que estávamos entrando nas balizas do porto, e ainda tinha um navio entrando e querendo que saíssemos do caminho dele! Aconteceu tudo ao mesmo tempo.  As 2:30 já estávamos navegando no Rio Paraíba. Começou a ventar um pouco mais e a fazer muito frio. Cheguei a vestir 2 casacos e ainda continuava com frio.
As 3:45 da madrugada ancoramos na praia do Jacaré, uma espécie de point entre os velejadores que chegam ao Brasil.
Quando fomos dormir já tinha até galo cantando! O pior é que a praga do galo cantou até as 5.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

WA WA TOO X "Pirajá"

O vídeo abaixo foi gravado segunda-feira, 06 de Setembro de 2010, um pouco antes das 18h. estávamos próximos a divisa de Sergipe com Alagoas, após a passagem de uma pequena tempestade local.
O WA WA TOO parece mais uma lancha!

domingo, 12 de setembro de 2010

Morro de São Paulo x Recife

Morro de São Paulo x Recife.

Sábado 04/09

Pela manhã acabamos de tirar o resto que dava da rede, à tarde arrumamos o barco para a viagem.
Levantamos a ancora as 18 horas, as 18:40 já tínhamos deixado Morro de São Paulo pela popa.
Logo que saímos de Morro, o vento era sudeste, perfeito para a viagem, o mar estava bem mais calmo, quando deu 21 horas o vento virou para nordeste, e nos atrapalhou bastante.
A lagosta rendeu! Jantamos maionese de lagosta!
Até Salvador foi tudo muito tranquilo, tínhamos o objetivo de se afastar o máximo possível do continente, por isso quase não avançamos em direção ao norte.
A uma da manhã ainda era possível ver o farol de Morro de São Paulo piscando bem longe.

Domingo – 05/09

Acordei bem cedo, antes das 6, fiquei surpreso e até um pouco decepcionado em ainda conseguir ver os prédios de salvador, mesmo que bem distantes, quase sumindo no horizonte.
Durante as primeiras horas da manhã andamos certinho em direção ao sol nascendo. A impressão de que iriamos atravessar o sol. 
O dia estava muito bonito, fez sol o dia todo, o vento fresco dava uma sensação térmica agradável.
O motor estava ligado desde que partimos, e mesmo assim nos arrastávamos a menos de 4 nós, o vento virou para leste, mas soprava bem fraco. Nessa hora comecei a fazer as contas e vi que se continuasse assim levaríamos uma semana para chegar até Recife. Para passar o tempo e tentar arranjar uma solução, peguei a carta náutica do nordeste e procurei algum lugar para pararmos até que o vento melhorasse. Achei Maceió uma boa opção, fica 115 milhas ao sul de Recife.
Mas tudo estava bem demais para ser verdade... No final da tarde quebrei o bracket do aparelho, não acreditei.



Só desligamos o motor as 17, o por do sol foi um dos mais bonitos de toda a viagem, quando caiu a noite o céu estava totalmente limpo, sem uma nuvem, o único barulho que escutávamos era o da água passando pelo casco, peguei o celular, o fone de ouvido e um casaco. Deitei no convés perto do mastro, coloquei um reggaezin pra tocar... Esse momento não teve preço! Só sai dali quando a bateria do celular acabou.
Depois das oito da noite o vento passou a nos ajudar, havia muitos navios. Durante a noite o nosso maior problema foram os barcos pesqueiros. A maioria deles tinha uma luz bem forte no convés ofuscando as luzes de navegação (bombordo, boreste, etc) dificultando avaliar sua posição e para onde se deslocavam no momento.

Segunda – 06/09

Estávamos a menos de 50 milhas de Aracaju, e a 35 milhas da costa. As 7:30 entrou um vendaval, o pessoal da região chama de “Pirajá”, é uma espécie de tempestade local com ventos muito fortes mas de pouca duração. O barco rapidamente dobrou de velocidade, se continuasse assim o tempo todo iriamos chegar a Recife em pouco mais de 24 horas.
As 9 horas o vento acabou de vez, da mesma rapidez que ele veio ele foi embora, e mudou para a única angulação que não podia, ligamos o motor novamente e alteramos nossa rota em 40°. Traçamos uma nova rota que não fosse tão prejudicial para nós, ajustamos as velas e voltamos a navegar. Nessa hora me lembrei de uma frase de William George Ward,O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.



Por volta das 10 cruzamos a divisa. Estávamos em Sergipe.
As 10:30 a historia se repetiu, formou-se muitas nuvens escuras que se aproximaram rapidamente, e começou a ventar bastante novamente.
A pior de todos os “Pirajás” até o momento aconteceu as 14:30. O tempo fechou de vez, começou a chover forte, parecia que já tinha anoitecido. Os ventos passaram facilmente de 50 km/h, o barco navegou o tempo todo com o costado de bombordo dentro da água, ouvimos um forte barulho que ecoou no casco de alumínio do wa wa too, o capitão me perguntou o que havia acontecido, eu não fazia mínima ideia. Subi para o convés. os dois botes infláveis que estavam na proa se soltaram com uma onda que arrebentou bem encima deles, por pouco não caíram na água. Fui até a proa para amarra-los novamente antes que outra onda os levasse. Claro que fiquei todo molhado, ou melhor encharcado. Na volta pequei a coitada da Lhama que estava lutando para não cair na água.
O barco estava tão adernado que era praticamente impossível ficar de pé!



 A tempestade chegou quando não tinha ninguém no convés, o capitão e eu estávamos almoçando na hora, depois dos primeiros 15 minutos os ventos diminuíram um pouco, mas só um pouco.
Duas horas depois veio outro vendaval. O capitão falou para fecharmos uma vela que essa parecia ser a pior de todas. Não deu tempo, só nos restava esperar ela passar.
40 minutos depois ela nos venceu, folgamos as velas e conseguimos fechar uma das velas.
As 19:30 estávamos na foz do rio São Francisco, e alguns minutos depois já estávamos em Alagoas. 
Aquela havia sido a noite mais escura de todas, as únicas luzes que víamos era na verdade os plânctons brilhando ao passar pelo casco.
O vento só diminuiu depois das 2 da manhã.
E para finalizar o aparelho que transforma a energia para 110 volts parou de funcionar, tive que carregar o celular no pc. O problema era que o computador estava com pouca bateria.

Terça – 07 de setembro

Acordei 6:20 com o capitão desligando o motor, o vento estava começando a ganhar força novamente. O céu estava nublado e chovia um pouco e até fazia frio. Meia hora depois veio a primeira “Pirajá” do dia, confesso que já estava sentindo falta de um solzinho!
Faltava menos de 10 milhas para chegarmos em Maceió. Graças a essas “mini tempestades”  avançamos 236 milhas nas ultimas 24 horas.
As 10h30min estávamos passando por Maceió, a 20 milhas da costa. Durante todo o dia pegamos cinco “Pirajás”.



Um fato que me chamou a atenção foi que de Salvador até Recife não pegamos nenhum peixe, mas deixamos 2 escapar. Um deles escapou a menos de 5 metros da popa do barco.
Às 18 horas alcançamos a Longitude de Recife (34° 50 00’), mas ainda faltava 1 grau, ou 60 milhas até chegarmos.
Entramos nas águas de Pernambuco as 21 horas.


Quarta – 08 de Setembro.

Chegamos em Recife as 6 horas da manhã, ancoramos do PIC (Pernambuco Iate Clube)
As 10 já tínhamos abastecido o barco e estava tudo pronto para zarpar a hora que quiséssemos. Tiramos o dia para conhecer a cidade.



No total foram quase 450 milhas e 85 horas navegadas.

sábado, 4 de setembro de 2010

Arrumando as malas... Novamente!

Nossa próxima parada ainda é incerta. Talvez vamos para Salvador, talvez vamos para Recife, Talvez vamos para João Pessoa. Se formos para João Pessoa serão cinco a seis dias de viagem, vendo só mar, e é claro que nem o celular nem a internet vão funcionar. 
Ontem nosso jantar foi de rei! Compramos dois quilos de lagosta direta da rede do mergulhador que veio nos ajudar.



E ainda fizemos o resto no almoço de hoje.
Hoje demos nosso ultimo mergulho para livrar o eixo da rede. Foram exatamente uma semana desde que a rede se prendeu.  Ainda tem um pouco, mas vamos partir assim mesmo, o resto do náilon vai acabar se soltando com o tempo.
Morro de São Paulo esta super agitado, teve show ontem e tem mais três dias de shows, a noite de hoje promete!




Nossa Mascote!

Nossa Mascote!




Olha que chique... Temos uma mascote!
Seu nome é lhama, uma west highland white terrier de aproximadamente um ano e meio.
Lhama já esta acostumada a vida no Mar. Praticamente nasceu no veleiro. Ela esta completamente acostumada à vida abordo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Morro de São Paulo

Nosso segundo dia em Gamboa foi mais um dia de trabalho no barco. No inicio da manhã acabamos com todos os vazamentos , durante o resto da manhã e de tarde mergulhamos para tentar tirar o emaranhado de náilon e cordas que continuavam presos entre o eixo e o casco, mas não conseguimos tirar tudo, ainda tem muitas horas de trabalho pela frente! Aproveitamos o mergulho e demos mais um trato no casco, tiramos todas as algas e cracas que estavam começando a crescer.
Resolvemos não encalhar o barco, a maré esta “morta” e por isso sua variação é muito pequena, poderíamos ficar encalhados por alguns dias até que uma mare grande o suficiente para nos tirar dali.
Uma coisa que me chamou atenção foi o imenso trafego de lanchas, escunas e barcos durante todo dia e noite. Todos com pessoas ou cargas dentro. Esse é um dos principais meios de transportes da população. Por volta das 18 horas algumas escunas mais pareciam ônibus superlotados, me lembrei até do Transcol  vendo a cena!



Saímos do barco só depois das seis da tarde, fomos a cidade, passeamos um pouco, fizemos algumas compras, comemos um pastel e até tomamos sorvete. Gamboa é um lugar tranquilo, mas não tem muita coisa pra fazer.
Ontem continuamos o trabalho de mergulho para tentar desvencilhar o hélice. Conseguimos tirar boa parte dos cabos, mas a baixa visibilidade da água e a forte correnteza nos atrapalharam bastante.
Durante a tarde fomos passear em Morro de São Paulo, andamos pelas quatro praias e pelo centro. O lugar é muito bonito, tem boas pousadas e restaurantes.



Hoje o trabalho de mergulho continuou, mas contamos com o apoio de um mergulhador da região. Foi umas três horas de trabalho, mas não conseguimos retirar toda a rede.
Enquanto estávamos na água recebemos nossa primeira visita. A capitania dos portos apareceu. Achei-os um tanto abusado. Embarcaram no veleiro sem ninguém a bordo e também não pediram permissão. Chegaram de carona em uma das lanchas que faz o transporte da população e simplesmente embarcaram. Pediram alguns documentos e pararam outro barco de passageiros para pedir carona para ir embora.
Mais tarde vamos curtir um show que vai ter em Morro de São Paulo, serão quatro dias de shows abertos a população, mas provavelmente amanhã retornaremos para Salvador.




quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Salvador x Morro de São Paulo

31 de Agosto


Esse foi o trecho mais curto e o mais rápido de toda a viagem até agora, mas foi também o mais desconfortável e estressante.
Saímos do Iate clube da Bahia as 6:30, já ventava bastante e o vento era leste, mas parecia mais um nordeste de tanto que ventava!
Logo na saída da Baia de Todos os Santos, já deu para ver que o mar não estava de brincadeira, para onde quer que você olhasse veria muitas ondas, e algumas bem grandes.
Como nós velejamos relativamente próximos a costa, tinha locais em que as ondas estouravam bem perto do barco.



Eu estava muito cansado, havia dormido pouco na noite anterior, pequei um travesseiro e deitei a boreste do barco e próximo a popa. Acordei encharcado com uma onda que bateu no costado e explodiu no convés do barco, fiquei igual a um “pinto molhado” A água estava muito gelada. Mas como o cansaço era maior, pequei meu travesseiro e deitei dessa vez enfrente a entrada para a cabine, pois tinha um “dog house” (uma espécie de para brisas de tecido e plástico para proteger do vento e da chuva). Quando pequei no sono fui acordado novamente por uma onda lavando o convés do barco, foi ai que escutei um barulho de água caindo, olhei para dentro da cabine e estava caindo uma cachoeira em cima da mesa onde estava meu celular, o computador, o modem da internet e mais alguns pertences do capitão. Fui ver de onde vinha essa água. Quando vi não acreditei, agente tinha encostado a caiuta, mas não tínhamos trancado. Pequei um papel toalha e sequei o celular e o modem, sorte que o computador estava no canto da mesa e caiu apenas algumas gotas nele. Pelo menos até agora tudo esta funcionando perfeitamente!



Após tirar tudo de cima da mesa, subi para o convés novamente, assim que subi o barco enfiou a proa em uma onda gigante e quando subiu a proa novamente trousse água suficiente para lava o convés inteiro, da proa até a popa. A coitada da nossa mascote tomou um banho que conseguiu ficar mais molhada do que eu. E é claro que entrou água por todas as janelas que esquecemos de trancar, e não eram poucas!
Aa10 horas já era possível ver o farol, chegamos em Morro de São Paulo antes do meio dia, o vento tinha virado para sudeste e entrar no canal não foi nada fácil pois estávamos sem uma carta detalhada do local, mas sabíamos que havia muitas pedras submersas e um banco de areia enorme de mais de um quilometro que avança até uma localidade chamada “Ponta do Curral”.




Depois de chegarmos em Morro, resolvemos explorar o canal, fomos até Gamboa, foi menos de meia hora navegando, e depois tentamos ir até a “ponta do curral”, chegamos bem perto, mas estava bem raso e o vento sudeste estava se canalizando em direção a Ponta do Curral, não seria uma boa ideia jogar a ancora naquele lugar. Resolvemos então voltar para Gamboa, pois lá era o melhor e mais protegido lugar para parar. Quando nos aproximávamos da praia passou um pescador e avisou que tinha uma laje de pedras imensa na nossa frente, foi por pouco. Ancoramos a uns 300 metros  da praia, pegamos o bote e fomos conhecer a região. Gamboa é um lugar muito bonito e aconchegante. Recomendo a todos.



Mais a noite descobrimos dois vazamentos no barco. Um vindo do resultado de ter passado por cima da rede e o outro foi o nosso sistema de água quente que estourou.
Trabalhamos umas duas horas para diminuir o vazamento que vinha do eixo do motor, pedaços da rede entraram entre o casco e o eixo, gastando a “gaxeta” (é uma borracha que impede a água de entrar pelo buraco do eixo). Não conseguimos parar a entrada da água, mas conseguimos diminuir bastante. O outro vazamento foi de água doce, a serpentina do boiler (um sistema que esquenta a água passando uma serpentina dentro do motor) furou, e parte da água que seria esquentada vazava para dentro do motor fazendo com que o radiador esborrasse e a água caia em cima do alternador. Para resolver o problema nós isolamos o Boiler, agora não temos mais água quente! Mas nenhum dos dois vazamentos põem em risco a viagem.
Quando fomos dormir, resolvemos ligar a televisão. Adivinha... caiu água nela também! Além de ter que tomar banho frio, também estávamos sem televisão!
Hoje vamos encalhar o barco cara tentar puxar o resto da rede que esta no eixo, vamos esperar a maré abaixar por volta das 11 e encalhamos o barco perto da praia. Assim que ela encher ela desencalha o barco. Pelo menos na teoria é assim, vamos ver na pratica! 

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hoje sim foi um verdadeiro dia de folga

Hoje o dia foi de descanso, acordamos, tomamos café, pegamos o bote inflável fomos para a praia que fica bem perto de onde ancoramos o barco, tomamos água de coco, caldo de cana e voltamos para o clube para tomar banho e depois fomos conhecer a cidade de carro. Pegamos uma carona no taxi que foi levar o nosso grande tripulante Igor ao aeroporto e descemos no meio do caminho próximos a praia da Pituba.
Mas a noite de ontem ainda nos reservava uma ultima surpresa... por volta das 23 horas o barco se soltou da poita e foi em direção aos outros barcos que estavam ancorados por perto, porem tudo 
acabou bem, gastamos menos de 5 minutos para ancorar o barco novamente.



Hoje vamos fazer um jantar e receber um amigo do capitão, o cardápio esta caprichado! Vamos assar uma sarda que nós mesmos pescamos.
O nosso plano de descer até Morro de São Paulo a principio vai ter que ser adiado, ao entardecer vimos uma “pequena tempestade” se formando ao sul, mas a previsão fala que o tempo vai continuar bom. Vamos esperar mais um pouco. 
O clube é muito bem estruturado, tem até uma raia para nadar no mar, cercada por bóias e com direito a dois flutuantes, um no inicio e outro no final da raia que é de 100 metros. A água do Mar é muito limpa, e tem uma visibilidade de quase cinco metros.

domingo, 29 de agosto de 2010

Aratu-Maragojipe

Antes da regata foram dois dias de trabalho no barco e no dia 27 recebemos um tripulante para reforçar o nosso time.
A regata Aratu-Maragojipe é a mais importante do Brasil na categoria percurso e uma das mais importantes da América Latina, nesse ano foi realizada sua 41ª edição. A organização estimou em 400 barcos e quase 2000 velejadores inscritos, fora as lanchas, jets e outros veleiros que acompanharam a regata. A regata teve início às 9h, quando diversas embarcações sairão do Aratu Iate Clube em direção às proximidades da Ilha de Maré, onde se posicionarão para assistir a largada da prova, dividida em três tempos: às 10h os barcos mais lentos largam entre a Ilha de Maré a o farolete da Base Naval de Aratu; logo em seguida, às 10h30 largam os barcos com velocidade média; por último, às 11h, é dada a largada aos mais velozes. Segundo os organizadores da prova, essa divisão foi feita em razão das diversas modalidades e do grande número de barcos participantes. O objetivo é fazer com que os barcos mais lentos saiam primeiro para que, no rio Paraguaçu, todas as embarcações estejam mais ou menos juntas.



O percurso da prova é de aproximadamente 32 milhas náuticas, o equivalente a 60 km, porém, o tempo para conclusão da rota varia entre 2h30 (embarcações mais velozes) e 7h (as mais lentas). Em Maragojipe fomos recepcionados pelas autoridades locais e pelos moradores no píer da cidade. Próximo ao local de chegada, uma estrutura foi montada para a realização de apresentações do carnaval de Maragojipe, samba de roda, teatro, grupos afro, rodas de capoeira e exposição de artesanato local. E ainda degustamos pratos típicos baianos em um jantar preparado por restaurantes da região.
Na verdade a regata é uma grande festa que começou no dia 27 a noite, em uma grande festa de abertura, junto com a reunião dos comandantes no Aratu iate clube e as 19 horas do dia 28 teve inicio no Mercado Municipal de Maragojipe um grande jantar para os velejadores, logo após teve show de Alcione e bandas locais na praça da cidade.
Mas para nós a regata em si foi um fiasco! Estávamos em três (na verdade quatro com a nossa mascote).  Logo ao sairmos do clube em Aratu uma rede de pesca se enroscou nos hélices  e no eixo, nos obrigando a mergulhar para cortar os cabos e as linhas, A baixa visibilidade da água e a correnteza só pioraram as coisas, e para dificultar ainda mais, toda a “operação” foi feita com o barco em movimento, por pura preguiça de abaixar as velas e jogar a ancora! O resultado disso foi alguns cortes e nossa largada 2 horas após os demais barcos, mas em compensação logo após sairmos acendemos a churrasqueira, ligamos o som e fomos curtindo as belas paisagens da região.



Chegamos por volta das 18, jantamos e fomos conhecer a cidade.
Hoje acordamos todos super cansados, mas mesmo assim arrumamos todo o barco e partimos para o iate clube da Bahia em salvador. Ficamos bem próximos ao mercado municipal, ao elevador e ao farol da Barra, e claro que nesse trajeto até salvador fomos assando uma carninha!
Ancoramos em Salvador as 20 horas, saímos de Maragojipe na hora do almoço e mais uma vez o vento não nos ajudou muito. Amanhã vamos dar uma volta pela cidade e no fim da tarde pretendemos ir para morro de São Paulo, apesar de termos de voltar mais 30 milhas, passamos um dia por lá e descemos mais trinta milhas até Camamu, mas não decidimos ainda, pois depois serão mais 60 milhas para acrescentarmos nas 500 até Recife!